Sonho americano? Brasileiros moram em carro e buscam comida no lixo nos EUA – BRAZILIAN PRESS // O maior jornal brasileiro fora do Brasil
Brasileiros que vivem como imigrantes nos Estados Unidos têm registrado em vídeo rotinas incomuns para economizar dinheiro com alimentação e moradia no país. Enquanto uma estudante divulga gravações em que aparece “mergulhando” em lixeiras de supermercados em busca de alimentos, um entregador de aplicativo conta como é morar no próprio carro.
Brasileira começou a buscar alimentos descartados na saída de grandes mercados há três anos. Moradora de Massachusetts, Renata Myrelli conta em um vídeo publicado em seu canal de Youtube, com mais de 120 mil inscritos, que resolveu aderir à prática, apelidada “dumpster diving” (mergulho na lixeira, em tradução livre), por influência de outros moradores da região onde vive. “Muita gente aqui faz, e também resolvi fazer o famoso dumpster diving”, disse ela em uma gravação publicada em janeiro de 2022.
Em outro vídeo, Renata aparece separando pacotes de queijo e carne descartados para levar para casa. Com uma luva, ela seleciona esses e outros alimentos que considera “reaproveitáveis”, ainda que alguns deles já estivessem vencidos. Ao chegar em casa, Renata grava todos os achados do dia, antes de higienizá-los. “Acredito que só aqui tenha mais de US$ 300 (R$ 1809) dólares em compras”, diz ela em outra gravação, em que aponta para uma mesa preenchida pelos produtos resgatados, entre frutas, leite, pães, ovos e barrinhas de cereal. Brasileira recebe o apoio de brasileiros nos comentários de seus vídeos e rebate as críticas que eventualmente recebe. “Para quem gosta de criticar e dizer que estou pegando lixo sem necessidade, vamos acordar para a vida, tem muito lixo que precisa ser reaproveitado”, diz em outro vídeo. “No Brasil, muita gente já faz isso, eu sei, mas aqui, o mais incrível é que não é lixo, são coisas realmente boas e reaproveitáveis”, segue.
“Morar no carro, fazer dólar”
De um estacionamento em uma cidade na Califórnia, brasileiro gravou as “vantagens” de morar no próprio carro. Entregador de delivery, Fernando Lopes lista na gravação o que considera os “prós” de dormir e acordar todos os dias há quase dois anos em seu veículo de trabalho. “A dificuldade de se legalizar aqui é grande, então a gente tem de aproveitar para fazer dinheiro, e acho que morar no carro é uma alternativa”, diz ele em um trecho da gravação. Vou mostrar as cinco razões pelas quais compensa morar no carro, assim que você chega nos Estados Unidos, ou para quem já está aqui há algum tempo, meio descabelado, meio sem grana. (?) Para quem não está com a vida ganha, é coisa que a gente tem de passar para poder conseguir galgar um lugar melhor ao sol. Fernando Lopes, em vídeo publicado em seu canal de Youtube
Economia de gastos e “mais disciplina” estão entre as razões listadas. Na mesma gravação, o brasileiro diz que o aluguel de um quarto na Califórnia custa em média U$S 800 (R$ 4.825). “Se você acordou no quarto e, de repente, bate uma deprêzinha, e começa a considerar: ‘poxa, mais um dia de 12 horas [de trabalho]’, pode. Brasileiro conta que já chegou a trabalhar mais de 15 horas por dia para se manter no país. “Nós, imigrantes, quando chegamos aqui, ganhamos por hora, uma média de 15 a 20 dólares por hora. Se você trabalhar 44 horas semanais aqui, como é no Brasil, você tá frito”, segue na gravação.
Aqui, a gente tem que pelo menos tentar dobrar para 88 horas semanais [trabalhadas] para você começar a juntar uma grana. Eu já trabalhei 15 horas por dia por muitas semanas, meu máximo foi 108 horas na semana. Agora, estou trabalhando 12 horas, (…) começo às 7h30 e vou até às 19h30.Fernando Lopes, em vídeo publicado em janeiro em seu canal de Youtube. Desde fevereiro de 2022 nos EUA, Fernando menciona as dificuldades de viver no país como imigrante sem visto permanente. “A nossa permanência aqui tem prazo de validade. Como a gente não tem direito a se legalizar e não sabe quanto tempo vai conseguir ficar aqui, precisamos economizar bem mais”.
Estadia de brasileiro nos EUA é a terceira em sete anos. “Na primeira vez, eu caí num sonho americano, mas vi que [morar nos EUA] era cilada. Imaginei uma coisa, me ferrei, perdi tudo e fiquei mal, sem dinheiro, com depressão, crise de pânico (…), assim como vários outros brasileiros que conheci”, relata ele em outra gravação divulgada em seu canal, com pouco menos de mil seguidores, mas… .Quem já passou por isso sabe que a gente quer sobreviver, que tá na luta pela sobrevivência, e é desesperador, angustiante. Aqui é dureza, irmão, por isso eu falo, pensa bem, se planeja, porque [viver nos EUA] não é uma decisão fácil. Às vezes, você até tem mais poder de compra, mas e as outras coisas?
// Fonte: UOL.