Família do Pará só ficou 5 dias nos EUA e descobriu deportação ao ser colocada em avião

Família do Pará só ficou 5 dias nos EUA e descobriu deportação ao ser colocada em avião

Uma família do interior do Pará, que desembarcou na manhã desta sexta-feira, 21, em Fortaleza, descobriu que estava sendo deportada de volta para o Brasil apenas quando entrou na aeronave. Eles estavam no terceiro voo de brasileiros repatriados dos Estados Unidos este ano, que chegou na capital cearense no final da manhã.
Caroline Bezerra Oliveira, 28 anos, o marido José Ricardo, 23, e a filha de 1 ano e sete meses do casal demoraram quase dois meses para conseguir chegar aos Estados Unidos, saindo de Rondon do Pará, distante 523 km da capital Belém. Ela conta que a travessia para os EUA se deu por um “coiote”, pessoas que por dinheiro ajudam migrantes a tentarem entrar nos Estados Unidos.
Após tanto tempo para conseguir chegar ao desejado destino, a família não passou mais do que cinco dias por lá. Capturados pela imigração, não passaram por entrevistas ou nada do tipo, segundo Caroline. “A gente simplesmente caiu na imigração, aí as agentes, duas mulheres, nos acompanharam até o aeroporto, informaram que estavam só acompanhando a gente por segurança, não informaram a realidade para a gente”, explica.
Ela conta que foram colocados em um voo do Texas para Alexandria, no estado da Louisiana, mas não foram informados para qual o destino estavam sendo levados ou mesmo a finalidade do deslocamento. “Quando a gente chegou em Alexandria foi onde a gente encontrou com um avião de deporte”, conta ela, explicando que saíram do carro da imigração já direto para o avião. Caroline explica ainda que todos os brasileiros só tiveram as algemas retiradas quando a aeronave pousou em Fortaleza.
O sonho de melhorar de vida
Caroline conta que, no Brasil, trabalhava de garçonete, enquanto o marido era barman. O plano era trabalhar na Flórida, juntar algum dinheiro e investir no Brasil. “A gente ia retornar para o Brasil. A gente só queria trabalhar, a gente não queria nada de ninguém, a gente ia trabalhar honestamente, entendeu?”, afirma, dizendo que não tinham preferência de emprego. “Qualquer trabalho, sendo honesto, a gente ia trabalhar e investir no Brasil, ia retornar”, acrescenta.
A travessia
A garçonete afirma que a família passou por El Salvador e México durante a travessia a caminho dos Estados Unidos. No trajeto, conta que pôde aproveitar as belezas dos alguns locais. “Foi uma caminhada boa, a gente tirou proveito de algumas cidades Conhecemos, usufruímos de sabores, cores, pessoas. É uma paisagem maravilhosa, né? Coisa diferente, que no Brasil não tem. Então a gente não se arrepende”, afirma. A mulher, no entanto, admite que não se aventuraria dessa forma novamente. “Não é fácil, ainda mais para gente que está indo com criança, assim, não é fácil. É uma experiência para a vida toda da gente. Só que, se a gente tiver uma oportunidade novamente, a gente não vai. É um risco muito grande, é muito sofrido, pra gente que está entrando ilegal é muito sofrido”, argumenta.
Sentimento dúbio
Para Caroline, ser deportada é viver um choque de realidade. “É uma tristeza muito grande, porque é um investimento muito alto que a gente faz para estar lá dentro. Mas, ao mesmo tempo, é uma felicidade muito grande de voltar ao Brasil, matar saudade que a gente sente, entendeu? Poder desfrutar das comidas boas, que os Estados Unidos não tem comida boa, gente, não se iludam”, explica. Ela conta que, já no voo a caminho do Brasil, após todos entenderem que estavam rodeados de brasileiros, o clima foi cordial e animado entre os passageiros. “Quando o voo decolou, todos começaram a gritar: ‘Eba, Brasil, brasileiro’. Sabe como é que é brasileiro, né? E é isso, só felicidade agora, chegar em casa, matar saudade e agradecer a Deus pela experiência, por nós voltarmos com vida, sem machucado, sem violência, sem problema nenhum. Voltar para casa e recomeçar do zero”, explica.
Volta para casa
A garçonete conta ainda que a família tentou voo para o Pará, mas os preços estão muito altos. Ela explica que há no grupo outros paraenses, que estão combinando de seguirem juntos, via terrestre. “A gente vai embarcar junto com a galera aí mesmo, um povão, vamos dentro do ônibus. O importante é chegar em casa, comer aquele cuscuz com ovo, queijo, tomar um café e descansar”, contou.

decioalmeida

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