Com notificação da Interpol, dois brasileiros deportados dos EUA são presos ao aterrissarem no Brasil

Dois dos 94 passageiros que desembarcaram em Fortaleza na manhã desta sexta-feira (21), após serem deportados dos Estados Unidos, foram detidos pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Os homens, cujas identidades não foram reveladas, eram alvos de um Alerta Vermelho da Interpol e tinham mandados de prisão expedidos pelas Justiças do Paraná e de Minas Gerais. Um deles é acusado de roubo, enquanto o outro responde por atuar como “coiote”, facilitando a migração irregular de brasileiros para outros países.
De acordo com o policial federal Simões de Oliveira Franco, os dois já estavam sob vigilância antes mesmo do pouso do voo. “Nós tivemos hoje, nesse voo, dois cidadãos brasileiros que estavam na lista da Interpol, que é um mandado internacional de prisão. Quando eles desembarcaram aqui no Brasil, nós já tínhamos previamente os dados, e eles foram conduzidos até a nossa viatura para cumprimento desse mandado”, explicou Franco em entrevista coletiva. Os detidos desembarcaram antes dos demais passageiros e não foram algemados. Eles serão encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para exames de saúde e, posteriormente, transferidos ao sistema penitenciário estadual. A Justiça definirá em qual unidade federativa cumprirão pena.
O voo, que partiu de Alexandria, na Louisiana (EUA), chegou a Fortaleza às 10h50, marcando o terceiro grupo de brasileiros deportados durante o segundo mandato do presidente norte-americano Donald Trump. A escolha da capital cearense como destino teve como objetivo evitar que os deportados sobrevoassem o território nacional algemados, uma medida que busca preservar a dignidade dos repatriados.
Dos 94 passageiros, nove são crianças e dois são idosos. Eles foram recebidos por uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos, assistentes sociais e profissionais de saúde. Socorro França, secretária de Direitos Humanos do Ceará, destacou o estado emocional frágil dos deportados. “Eles chegam machucados emocionalmente. Temos kits de alimentação, higiene e atendimento psicológico para que se sintam em casa. É importante que sintam que estão no seu país, que estão sendo acolhidos”, afirmou.
Além do apoio imediato no aeroporto, os deportados que não têm condições financeiras para seguir viagem receberam auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB). Um avião da FAB decolou de Fortaleza às 13h25 com destino a Belo Horizonte, transportando parte do grupo. O embarque nos Estados Unidos foi acompanhado por um diplomata brasileiro, garantindo que o processo ocorresse dentro dos protocolos internacionais. A deportação em massa reflete a política migratória mais rígida adotada pelo governo Trump, que tem impactado milhares de brasileiros nos últimos anos. Enquanto os dois detidos aguardam os próximos passos da Justiça, os demais passageiros buscam reconstruir suas vidas no Brasil, com o apoio das autoridades locais e dos serviços de acolhimento oferecidos pelo estado do Ceará.