Preso, assassino de CEO revelou “ódio” por empresas de planos de saúde. Ele usou driver license falsa de NJ
A execução a sangue frio de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, em frente a um hotel de luxo em Nova York, chocou os Estados Unidos na semana passada. O crime, descrito pelas autoridades como “direcionado e descarado”, trouxe à tona não apenas o horror de um ataque público, mas também um debate inflamado sobre as práticas do setor de planos de saúde, que movimenta mais de um trilhão de dólares ao ano.
Thompson liderava a maior seguradora dos EUA, parte do conglomerado UnitedHealth Group. Seu assassinato ocorreu em um contexto de crescente descontentamento popular com as práticas da indústria, especialmente a polêmica “autorização prévia”. Esse mecanismo, utilizado pelas seguradoras para aprovar ou negar tratamentos antes do pagamento, é frequentemente citado como um dos principais motivos de frustração entre pacientes e profissionais de saúde.
A tensão já havia ganhado as ruas meses antes do crime. Em julho, mais de 100 manifestantes de diversos estados se reuniram em frente à sede da UnitedHealthcare, em Minnesota, para protestar contra recusas de cobertura e outras práticas da empresa. Organizado pelo People’s Action Institute, o ato deu voz a pessoas que enfrentaram dificuldades após terem pedidos negados. “O atendimento é negado, e o processo de apelação é quase impossível de vencer”, afirmou Unai Montes-Irueste, porta-voz do grupo.
O assassinato de Thompson, entretanto, levou essa indignação a um novo patamar. Na cena do crime, os investigadores encontraram cartuchos de bala com palavras como “negar”, “defender” e “destituir”, aparentemente uma referência às táticas criticadas das seguradoras. A descoberta levantou suspeitas de que o ato fosse uma retaliação às práticas do setor, ainda que as autoridades não tenham confirmado a motivação exata.
Na segunda-feira (9), a polícia anunciou a prisão de Luigi Mangione, de 26 anos, como principal suspeito. Detido em Altoona, Pensilvânia, após ser reconhecido por um funcionário de um McDonald’s, Mangione portava uma arma, identidades falsas e um manifesto manuscrito com críticas ao sistema de saúde dos EUA. O documento, segundo os investigadores, revela as “motivações e a mentalidade” por trás do ataque.
Enquanto o país processa o impacto do crime, o debate sobre a acessibilidade e transparência no setor de saúde permanece intenso. Para muitos, o assassinato de um líder do setor reflete não apenas a tragédia de uma vida perdida, mas também a raiva e o desespero de um sistema que, segundo críticos, muitas vezes prioriza lucros em detrimento de vidas.