“Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA”, diz presidente do Banco Central do Brasil
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 19, que, caso o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, implemente seu plano de deportação em massa, a inflação norte-americana poderá ficar fora de controle.
“Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, a inflação pode explodir nos Estados Unidos”, disse o chefe da autoridade monetária em evento da Associação do Comércio de São Paulo (ACSP) promovido pela agência DCNEWS. Durante a campanha, Trump prometeu realizar a maior deportação de imigrantes ilegais da história do país. Na segunda-feira, o republicano afirmou em uma rede social que planeja decretar emergência nacional e utilizar os militares para executar o programa.
Campos Neto citou estimativas que apontam um acréscimo de três pontos percentuais na inflação americana caso as deportações ocorram. Sobre o cenário fiscal dos EUA, ele avaliou que, com Trump, a tendência é de que a dívida do país, já elevada, continue a crescer. Nesse contexto, Campos Neto destacou as incertezas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos. Ele enfatizou que há dúvidas quanto à próxima decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, marcada para dezembro.
“O mercado inicialmente achou que viriam quedas sequenciais de 0,25 ponto percentual. Hoje, já existe uma dúvida. Temos uma reunião em dezembro que traz uma certa incerteza sobre o que será decidido. O espaço para novos cortes de juros nos EUA passou a ser um questionamento mais recente”, disse. Na última reunião, realizada no início de novembro, o Fed reduziu os juros em 0,25 ponto, para o intervalo de 4,50% a 4,75%. Campos Neto também observou que, ao contrário do período anterior à pandemia, o mundo atualmente enfrenta um ambiente de juros mais altos, o que eleva o custo da dívida globalmente. “Passamos de uma taxa média de 0% para 3,2% ou 3,3%.”