Vídeo mostra brasileiros deportados dos EUA chegando algemados em Manaus. Governo do Brasil protestou – BRAZILIAN PRESS // O maior jornal brasileiro fora do Brasil

Um grupo de 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcou no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, sob condições que causaram revolta e comoção. Em um vídeo que circula nas redes sociais, os deportados aparecem descendo do avião algemados, com os pés presos e, em alguns casos, encapuzados. A cena chocante foi acompanhada por uma calorosa recepção de uma pessoa presente no local, que declarou: “Bem-vindos de volta”.
O grupo permaneceu a noite toda em um salão do aeroporto, após o voo que os levaria a Belo Horizonte ser cancelado. O episódio gerou uma rápida resposta do governo brasileiro, que determinou a retirada imediata das algemas. Em nota, o Ministério da Justiça classificou o uso das restrições como um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais” dos cidadãos brasileiros.
A pasta informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi notificado do ocorrido e ordenou a mobilização da Força Aérea Brasileira (FAB) para garantir que os deportados cheguem ao destino final, o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, “com dignidade e segurança”.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatiza que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis”, concluiu a nota oficial. O caso expõe tensões diplomáticas e reacende o debate sobre o tratamento de deportados em processos migratórios, especialmente no contexto de relações entre Brasil e Estados Unidos.
Tratamento “desumano”
Na manhã deste sábado (25), um grupo de brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou ao Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, trazendo consigo relatos de agressões sofridas durante o voo de repatriação. O episódio ocorreu na noite da última sexta-feira (24), após uma parada em Manaus, onde a Polícia Federal precisou intervir.

Os imigrantes afirmaram que as agressões aconteceram enquanto a aeronave estava em solo no Panamá, devido a uma falha técnica em um dos motores que atrasou a viagem. Durante a espera, os deportados permaneceram dentro da aeronave sob condições adversas, enfrentando calor, falta de acesso adequado a banheiros e escassez de alimentos.

A situação saiu do controle quando alguns passageiros começaram a protestar. Segundo os relatos, a resposta dos agentes americanos foi imediata e violenta, incluindo agressões físicas a mulheres e crianças. Muitos dos deportados chegaram a Manaus com marcas visíveis, resultado do uso abusivo de algemas.

Após o pouso em Manaus, a Polícia Federal ordenou a retirada das algemas de alguns passageiros e iniciou a coleta de depoimentos. O caso ganhou maior repercussão quando o Itamaraty anunciou que buscará explicações do governo americano sobre os maus-tratos relatados.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve em Manaus para ouvir os depoimentos das vítimas e discutir o caso com autoridades locais. Já a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, condenou as ações violentas e ressaltou que políticas migratórias não podem justificar abusos contra os direitos humanos. Os deportados desabafaram com a imprensa em Confins, exibindo marcas físicas e emocionais da experiência. As denúncias reacenderam debates sobre o tratamento de migrantes em voos de repatriação e reforçaram a necessidade de supervisão internacional para evitar abusos.