“Vou dar mais valor ao meu Brasil”, diz deportado que beijou chão do aeroporto ao desembarcar em Confins

“Vou dar mais valor ao meu Brasil”, diz deportado que beijou chão do aeroporto ao desembarcar em Confins

Na noite desta sexta-feira (7), o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, foi palco de cenas de emoção e alívio com a chegada de um grupo de brasileiros deportados dos Estados Unidos. Entre os repatriados, o corretor de imóveis César Diego Justino, natural de Goiás, chamou a atenção ao beijar o chão assim que desembarcou. “Foi muito sofrimento. Eu não aconselho ninguém a fazer isso [migrar ilegalmente]. Foram quatro meses detido e não desejo isso para ninguém”, relatou Justino, visivelmente emocionado.
Justino chegou aos Estados Unidos em outubro de 2024 com o sonho de trabalhar e oferecer uma vida melhor para sua família. No entanto, sua jornada foi interrompida logo após a chegada ao país. “Eu me entreguei às autoridades para tentar fazer tudo certo, mas não deu certo”, contou. Ele integrou um grupo de deportados que enfrentou condições adversas durante o voo de repatriação, que partiu de Alexandria, no estado da Louisiana, e fez escala em Fortaleza antes de seguir para Belo Horizonte.

Os brasileiros relataram ter permanecido algemados por mais de 24 horas, além de enfrentar escassez de comida e água durante o trajeto. “Todos algemados, sem comida, sem água. Muita tristeza”, desabafou Justino. A situação só melhorou após a chegada ao Brasil, onde os repatriados receberam uma recepção mais humanizada. Em Fortaleza, eles foram recebidos por autoridades antes de seguirem para Belo Horizonte em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).

No Aeroporto de Confins, o desembarque ocorreu por volta das 21h40, desta vez sem as algemas que marcaram o primeiro voo de deportados sob o novo mandato do presidente norte-americano Donald Trump. A comitiva de recepção incluiu representantes da Prefeitura de Belo Horizonte, do Governo de Minas Gerais e do Governo Federal, além da presença da ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo.
Para auxiliar na reintegração dos deportados, a Fecomércio anunciou uma série de medidas, incluindo transporte, hospedagem por dez dias e cursos de capacitação profissional em Belo Horizonte. Kits de higiene, alimentação e outros recursos também foram distribuídos aos repatriados.

Apesar das dificuldades enfrentadas, César Diego Justino demonstrou gratidão por estar de volta ao Brasil e afirmou que não pretende mais deixar o país. “Nós somos ricos e não sabemos. A riqueza nossa está aqui”, declarou, reforçando sua decisão de recomeçar a vida em solo brasileiro.
O voo que trouxe os deportados faz parte de uma nova fase da política migratória dos Estados Unidos, que tem intensificado as deportações de imigrantes irregulares. Esta foi a segunda aeronave com brasileiros repatriados a chegar ao país desde o início do novo mandato de Trump, sinalizando um cenário desafiador para aqueles que buscam oportunidades no exterior.

Enquanto os deportados começam a reconstruir suas vidas no Brasil, suas histórias servem como um alerta sobre os riscos e desafios da migração irregular, além de destacar a importância de políticas públicas que ofereçam suporte e oportunidades para quem busca recomeçar.

decioalmeida

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